sábado, 31 de maio de 2008

É bom que toda a gente tenha a certeza de si.
É mau que ninguém saiba o que é.

A minha vida é
um edifício a descambar
uma boca sem fome
uma doença por curar
um mendigo que não come
um átomo que se some
um grito por soltar
um rádio em monotone
um sentido por achar
...............................

um acreditar sem fé.

Da vã importância de marcar.

Numa tarde solarenga e radiosa,
(assim como a de hoje)
acreditei que podia deixar a minha marca no Mundo.

Enchi-me de soluços de esperança,
e procurando um livro antigo, lido
com olhos desatentos e despretensiosos,
escrevinhei-lhe uma pequena nota " Abra aos olhos
para a poesia, caro leitor desconhecido"

Peguei-me a mim e ao livro, e fui passeando
pela cidade do mar, com braços de sal
procurando por um sítio recôndito, quase lúgubre
para o depositar. Pequena prenda, pequena oferta
para acreditar.

Não sei onde está o livro, não esperei, não
lhe quis saber o destino. Para quê se é assim que
a poesia deve fluir?

Salvação.

O panfleto, de uma qualquer igreja, com
um qualquer credo absurdo, dizia alto e claramente

"Só quem acredita em Deus,
consegue a salvação."

Ó meu Deus! estou perdido...

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Amor sentido.

(Eu amo. Eu quero amar. Eu quero ser.)
Todos procuramos amor e felicidade
É fácil tê-los, basta somente aprender.
Não importa sexo, aparência ou idade!

Basta que cada um encontre a sua verdade
Não são os livros que servem para a dizer
O que vos digo não será também especial novidade
Para as vossas selectas consciências a ser...

Gritam então querer felicidade e amor!
Viver com a pessoa amada, eternamente.
Amá-la, tê-la e vivê-la sem mágoa ou dor!

Algum de vocês sabe mesmo o que sente?
Só quem Amou, pode clamar ter vivido!
Afinal é esse o sentido. E não há sentido.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Da contradição.

Vivo na incerta certeza de saber o Mundo.
Amo a Humanidade, mas desprezo as pessoas.
Odeio o Amor, mas não consigo viver sem ti.
Não tenho fé, nem crenças, mas acredito.

Adoro discutir, mas sei já ter sido tudo dito.
Sei ter muita força, mas desisto rapidamente.
Quero fugir de mim, mas sou sempre igual.
Quero fugir de tudo, mas sei que tudo é o mesmo.

Sei que tenho tudo o quero, mas nada me é suficiente.
Anseio por qualquer revolução, que seria só pior.
Tenho todas as filosofias do Mundo, mas não sou nenhuma.

Odeio esperar, mas não vou à luta. Mas o futuro é meu!
Sinto-me fraco, e sonho-me forte. Assim me sou eu.
Afinal, não é da natureza humana ser contradição?

Hoje ao passear distraído, numa livraria,
-rotineira e comercial-
reparei, por mero acaso, num livro
que me disse ter sido escrito por um escritor
"de mal com o seu tempo."

Mas que me diz isso... Se ele fosse
o único de nós, escritores ou não
de mal com o seu tempo...
Afinal, haverá algum tempo que nos convém?

Soneto do futuro.

Anseio por ti, enlouqueço por ti, ó futuro!
Vivo-te e vejo-te como quem te sente.
Quero criar-te lúcido e rico, fugir do escuro
e procurar dar uma melhor vida à semente.

Anseio por ti, desamparado, quase demente!
Não venhas, ó desejado, incerto e obscuro
Tudo se recicla, tudo se renova eternamente
Mas, ó futuro, eu quero criar-te, enquanto duro!

Mesmo que sejas, de ti mesmo, eterna miragem
Espero-te, não sabendo que face trazes ou tens
Porque tu nunca falhas ou tardas, ó desejado!

Mas, para quê esperar, se podes vir atraiçoado?
Não, só te posso criar! Só te criando é que vens!
Só assim crio o sentido, e te faço à minha imagem...

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Faz dos sonhos realidade. (IV)

Quando andava no Secundário, imaginem lá este meu delírio juvenil, queria ser baterista de uma banda. Sonhava com o meu esquecido colega ( Por onde andas tu, pá?), que um dia seríamos grandes. Íamos conquistar o Mundo, com os nossos sons. As digressões seriam feitas numa carrinha amarela ou azul, ou sei lá... A memória traiçoeira falha e engana-me.

Bem, delírios são delírios e deles não reza a História. Hoje estou aqui, no cenário, a gravar um filme sobre, (exactamente, adivinharam), um banda rock. E estou feliz. Não podia pedir mais nada. A minha filha ri para mim, com toda a sua ingenuidade. Separei-me da minha mulher, desse meu colega perdido, até de mim... Depois fui-me ree
ncontrando, aos poucos. Lembro-me, às vezes, desses sonhos, desses projectos. Mas aprendi. Aprendi a aceitar as minhas limitações, a não querer tudo em demasia e demasiado rápido. E estou feliz. Sim, até a ser feliz aprendi. Antes, faltava-me sempre algo. Hoje, agradeço satisfeito por tudo ter acontecido desta forma. Não sou baterista, nunca sequer toquei numa bateria. Admiro-me até com a sua complexidade. Mas, limitado ou não, estou feliz. A vida prega-nos rasteiras, é verdade...

Levanta-te, continua e agradece. Estás vivo. É esse o sonho, é esse o objectivo. Hoje, é assim que me sinto.

Um abraço.

Amor solitário.

Chove incessantemente. Que demência
saudosa me invade. Também eu choro
Lágrimas por dentro. Só eu sei que moro
no prédio Solitário, nº27 da rua Ausência.

Prédio triste de azul este, porque o decoro
com retratos que gritam de dolência.
Ah! lágrimas e lamentos, que devoro
aniquilando sentimentos por impotência.

Sim, hoje, sei-o bem, certo e derrotado
Ter construído mais muros do que pontes.
Vivendo preso a mim, ingénuo e egoísta.

Não há Amor que me vença, ou resista.
(Num suspiro doloroso e demorado
Espero que me lembres e nos contes...)

A rotina. (IV)

Dizem-nos ( e nós sabemos)
Que irá ser sempre mais ou menos,
assim.
Ninguém lhe resiste,
por entre sonhos, ideais, loucuras.
Um dia ( sabemo-lo todos)
Caímos nela. Seremos
nada mais do que existências
quotidianas, tributáveis, empedernidas
casadas e aborrecidas.
( Não o somos já?)

Amor vão.

Amor, dá-me preguiçosa, a tua mão
Esqueçamos tudo, tudo o que está lá fora
Esqueçamos todo e qualquer sonho vão
Esqueçamos que Ela não tarda, não demora...

Vem para aqui, amor, onde só estão
os que não o sabem. Vem, vem agora
amor, é o tempo de nós. Triste de são
quem não ama! Vem, amor, é a hora...

Finjamos que é para sempre, que nunca acaba
Que os beijos que damos, e o que sentimos
São tudo, condensado neste nosso Universo

Esqueçamos, amor, que apenas nos iludimos
Que o desejo, a poesia, a lírica, o verso
São só mentiras do sentimento que mais nos aldraba.

domingo, 25 de maio de 2008

Amor idiota.

Lembro-me de tudo em ti, amor. O beijo
que soltávamos na despedida lembrada
em versos idiotas. Cada e todo o ensejo
em que fomos um só, e o resto era nada...

Ah...E o inconsequente e juvenil desejo
de fugir do Mundo com a pessoa amada!
Os planos que fizemos, (agora que vejo)
Não eram mais do que paixão ressacada...

Tudo isso acabou. Resta lembrar o nós.
Neste Mundo entre o nada e o medonho
Que nos diz que o destino é sermos sós.

Mas, o que é tudo isto, senão um mau sonho?
De uma alma que desespera, de sozinha
E vive a sonhar com o dia que serás minha...

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Nem mágoa, nem dor.

Um velho poeta dizia (e clamavam-no louco!)
"Viver não é necessário. O que é necessário é criar."
Eu crio. Viver, não sei. Um dia, quando me achar
Cantarei alto e forte, o povo que me abraça, mouco.

Existo-me somente, sentido-me fraco, pouco.
Passo, inútil, e vivo sem amar ou acreditar.
Nem o que escrevo me serve. Faz-me vomitar.
Ah! Alguém que me acorde, com um soco!

De esperança, ou de qualquer outra coisa vã.
Qualquer outra coisa que me sirva, e me faça
Sentir-me. Que me canse a alma, e a torne sã.

Enlouqueço de tédio, ou o que for! E crio.
Mesmo assim, crio. Ó Deus ou outro alguém, laça
a minha razão. Não me deixes aqui - o nada e o vazio.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Ao Professor.

Tu que me ensinas! E eu que não sei nada...
Preparas-me, e fazes-me completo e inteiro.
Capaz, enfrento o que resta da caminhada.
Porque a vida é mais bela, se o maior mealheiro

For feito de pensamento enorme, e imaginação alada.
Obrigado professor, meu terno companheiro
Por todas as carícias de luz doce e abençoada!
(Que me fazem perceber o porquê deste nevoeiro...)

Professor, continua a transformar o Mundo.
Dando a maior e mais nobre das dádivas
E tornando o fruto que brota da mente mais fecundo.

E mesmo não sabendo nada, eu te agradeço.
(Por entre amores, saudades, crises, e lágrimas...)
Sei que tudo o que me deste não tem preço.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

A rotina. (III)

Acordo. 7.29.
Estremeço e cambaleio.
O cheiro a descrença inunda o ar e entontece.

*
Vejo coisas. Que vejo eu
que mais ninguém vê?
Penso. Alguém gosta de pensar?
Ou é só trabalho, aborrecimento, chatice?
*
Um velho de pele escarlate, de olhos marinhos
perde-se nas cartas, na bisca, na batota...
Em que é que ele é diferente de mim, arrogante
incoerente, que espero um inteiro dia para me perder
no bilhar?
A Dona Alice, fiel Dona Alice.
Uma esforçada hora, de série pequena,
bola oito, branca no buraco, saca bola, bola posta, tabelas, snooker,
2.80€, inconsequentes dois euros e oitenta cêntimos.
Ó Dona Alice, traga mas é de lá as cervejas...
(Passa o tempo. Morre a gente.)
*
Não me consigo expressar. Desisto. Rendo-me.
Nunca mais ouvirão uma palavra de mim!
Nunca. Nunca. Nunca.
Três vezes. Como Deus quis.
*

Quem me fez assim?

Absurdos.

Percorre-me uma absurda ânsia de escrever.
Tantas, tantas estórias pululam na minha cabeça-
Tantas, infinitas memórias. E eu... como me sinto impotente!
Não! Nunca as conseguirei escrever todas! Nunca.

A vida é tão curta e eu tão pequeno.
Que serei eu que nunca fui?
Não vivo para os outros.
Não vivo para mim.
Não sonho. Não luto. Não espero.

Para que sou eu?

Cantarei a Humanidade! É o MEU sentido.
Inconsequente, cantarei o que há melhor em nós.

(Perde-se por sentido. Às vezes, loucos são os que querem sempre
andar p´rá frente. Esperem, olhem e reflictam, companheiros.)

Os sonhos criam-se. Não se sonham.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

A Florbela Espanca.

Oh! que enorme dolência me invade
ao observar tua triste face, bela poetisa
Cantando o amor, a tristeza e a saudade!
Teus olhos amendoados, tua voz lúcida, tudo matiza

Em mim a negra expressão de verdade
de quem sabe sentir Amor que hipnotiza
que enlouquece, que goza, moca e satiriza
a nossa eterna condição de Orfeus sem metade

Ó trágica mulher, constante poetisa da dor
de canções ingratas e de enorme sofrimento
Como te compreendo! É para ti este meu beijo de poesia

Um dia,
companheira,todos saberão o que é Amor
A sua loucura, o seu prazer, o seu tormento!
Um dia, seremos todos o que não foste. Um dia...

sábado, 17 de maio de 2008

A Bocage.

Inimigo de alcoviteiras, cabrões e frades
Lírico de fronte honesta, certeira e directa
Dono de mil paixões, de carne macia e dilecta
Se fôssemos contemporâneos, éramos compadres!

Contestando os hipócritas de meias-verdades,
e os sonsos de malformação, foste profeta
de um povo, que ainda não se detecta
ter perdido as manias ou as habilidades!

Clamo-o sem maldade ou algum veneno!
Ó lírico companheiro, sinto-me pequeno
e se o tenho ou se me resta algum talento!

(Escutai-me bem, só por um momento)
É dedicado a ti, Bocage, este meu avacalho
Quem não gostou pode bem ir p´ró caralho!

os dias não passam
o futuro não vem
as oportunidades faltam
e eu não me sinto alguém

procuro-me de alto a baixo
sentindo-me boneco
num filme onde não me acho
e solto gritos sem eco

a vida cansa-me de tédio
não há máquina para ser feliz!
não se descobriu remédio
para quem não sabe o que quis?

não há maneira de me divertir!
talvez só sendo outras personalidades
num turismo de descobrir
outras e melhores verdades...

sei. não há grande sentido
para se fazer alguma coisa

deixem. talvez esteja perdido
porque a maldita satisfação não poisa
.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

A Almada Negreiros.

“O povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as suas qualidades e todos os seus defeitos.
Coragem, Portugueses, só vos faltam as qualidades."
-Almada Negreiros.

E é este o meu país, de um verde pujante e salutar
Da gente tranquila, humilde e honesta, mas impotente

De políticos e as suas promessas do hoje eternamente
Do eterno mar pintado de azul, e do azul e eterno pesar...

Das queixas e dos queixumes, do deixa andar,
do o que eles querem todos é o mal da gente,
da fé e da esperança, do contentamento descontente,
Do seja o que Deus quiser, e do ver no que vai dar...

Do povo que nos rankings das desgraças é primeiro
Do povo que não economiza, esbanjador, o dinheiro
E que vive agarrado à pior gangrena, vil, vil tristeza!

Mas há (sempre houve!) solução para esta nossa empresa!
Ela está (sempre esteve!) no querer, na ambição!
No interior de cada um! Não fiquemos pela intenção...

"Abdica
E sê rei de ti próprio."- Ricardo Reis.

Sou absurdamente rico! Não tenho nada.
A riqueza nasce da renúncia e do saber.
Não tenho "coisas". Não me importa não as ter.
Basto-me com a minha imaginação fértil e alada.

O meu pensamento tem alma de franciscano
Ordena-me humilde, e fez-me voto de pobreza
Renuncio à soberba, à luxúria, à cobiça, à vileza.
Missão impossível, neste Mundo onde grassa o profano.

Onde uns não sabem o que vivem ou o que sentem
E se vos disserem, clamarem! até, que são completos
É porque descaradamente vos iludem e mentem!

Eu? Sou grande, completo e inteiro a ler
Rio-me dos desalmados analfabetos
E a cada dia, sem nada, sinto-me a enriquecer...

terça-feira, 13 de maio de 2008

Do acreditar.

Todos os dias o inconfundível caminho
De casas, caras, flores, poeiras e pós iguais,
Revolta, passo atrás de passo, sozinho...
Onde só a impaciência é demais.

Matuto, matuto, vagueio, olhar perdido
Por entre mais ou menos sinceras saudações
Procurando por um sentido
E desesperando por soluções...

Exaspero, incapaz e incompetente
Passo atrás de passo, sempre sozinho
Impaciente, louco, incoerente!

Sem saber como me guiar, ou às minhas relações...
Mas acredito! Nós é que fazemos o caminho.
E fazemos dos problemas, soluções.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Fernando Pessoa.

Retrato de Fernando Pessoa, Almada Negreiros.

Uma das cinquenta personalidades que
mais teve influência na cultura Europeia.

Justa e merecida homenagem ao poeta das mil faces. Poder-se-ia reclamar a figura de qualquer outro génio português?
Deixo, já agora, o poema do autor com que mais me identifico.


"Tudo que faço ou medito
Fica sempre na metade,
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.

Que nojo de mim me fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúcida e rica,
E eu sou um mar de sargaço-

Um mar onde bóiam lentos
Fragmentos de um mar de além...
Vontades ou pensamentos?
Não o sei e sei-o bem."

Fernando Pessoa.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Europa.

Filha agridoce nascida nas margens
do rio Atena e da longínqua Judeia.
Com a auréola secular e divina que a rodeia
desbrava e humaniza caminhos e paisagens.

Confronto tenso e esclarecido entre
a filosofia e a crença, a razão e a fé.
O primeiro império sem império posto de pé,
Traz humanidade e harmonia no seu ventre.

De olhos altivos, vários e saudosos
Contempla os seus filhos de feitos gloriosos.
Filhos completos de identidade e memória.

Inclina a cabeça briosa, e inventa o futuro.
Lembra o passado, glorioso, umas vezes, outras, obscuro...
Ri, humana e estremece o Mundo. E faz História.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Delírios.

Às vezes digo, como que um
conselho, que dizer o que se pensa
ajuda.
Depois medito para
comigo.

(Não quero imaginar um Mundo
onde toda a gente dissesse o que
pensa...)

terça-feira, 6 de maio de 2008

No que escrevo não acredito...
Toda a minha vida é uma lição por acabar
Vida onde tudo é faltar ou tardar!
E onde todo o sentir ou pensar é maldito.

Ah, maldita esta ânsia de fazer!
Não tem fim. Reparo-me sempre como inútil
Como tudo o que penso ou faço é fútil!
E como sei estar longe do que se chama viver!

Mas acredito, aí é que está o sentido
Olhar para trás, reflectir e saber ter vivido
E ter-se destacado dos demais...

Porque há muitos que ambicionam ser diferentes
Mas até na diferença são energúmenos incompetentes
E são os mais iguais aos iguais...

Respostas.

Todos os problemas
e respectivas soluções
foram já discutidos por poetas,
romancistas, filósofos, místicos,
e outros que tais...

Por isso, não
procurem a resposta no que
vos escrevo.

Leiam-nos, ou leiam-se!

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Amigo.

Amigo é ter toda a confiança do Mundo,
numa única pessoa que nos acompanha.
Amigo, o que nos elogia em qualquer façanha,
e que sabe o nosso sentir mais profundo.

Amigo, amizade é o que nos enobrece.
Amigo, é mágico poder ter-te comigo.
Amigo, é bom saber-te um meu abrigo.
Mas sabes, tudo passa, tudo se esquece...

Amigo, amar também é esquecer.
Esquecer, para avançar e fazer viver.
Esquecer, e continuar imenso na solidão.

Amigo, sei-o bem, viver é lembrar.
Mas companheiro, mais preciso é saber avançar,
Para que assim todos descubram o que são...

domingo, 4 de maio de 2008

Infinitamente, a rotina.

Estou perdido em mais uma outra aula
Incógnita, e tão infinitamente chata...
De sentimentos guardados numa mala,
À espera que esta melancolia se abata.

Escrevo, desabafando não sei para quê.
Arde-me o pensar, de louca impaciência.
Tudo me tarda, e já nem pergunto porquê.
Tudo tragicamente me sabe a impotência...

Sim, bem sei, "para ser grande sê inteiro".
Mas inteiro sou só intensamente de nada.
Não me reconheço. E perco-me nesta colossal Babel...


Guardando os pensamentos num mealheiro,
onde só a tristeza é sadicamente lembrada
em injustos e mesquinhos desabafos de papel.

Ferdinand Personne.

Sim, é de ti que falo. De ti,
que falas de dentro de mim, que me
fazes escrever o que é meu, sendo teu.
Ideias que não as sinto como minhas,
porque são o teu sussurro, dentro de mim.

És tu que nunca tiveste ninguém
porque te bastaste a ti mesmo.
Tu, que sabes como é sentir o
enorme e degradante
vazio, que é só desabafar em papel.

Tu! Mítico, desdobrado em mil fragmentos
diferentes de ti mesmo, mas sempre tu.
Tu! Que sabias que riam de ti, os que nada mais do que
insignificância foram.
Tu, só tu que sabias como ser grande.
Guia-me! Guia-me! Guia-me pelo caminho tortuoso de quem
não se sabe ser!

Tu que tinhas o cansaço e o fastio de todo o Mundo.
Tu que nunca foste ninguém!
Tu que nunca foste nada!
Tu que te perdeste em toneladas de papéis que nada servem.
Tu que foste Mestre e servo, e rebelde e plácido, e fingidor sentimental.
Tu que sentiste, por todo o Universo, a angústia do existir!

Que fizeste tu da vida?
-Fiz-te.