domingo, 4 de maio de 2008

Ferdinand Personne.

Sim, é de ti que falo. De ti,
que falas de dentro de mim, que me
fazes escrever o que é meu, sendo teu.
Ideias que não as sinto como minhas,
porque são o teu sussurro, dentro de mim.

És tu que nunca tiveste ninguém
porque te bastaste a ti mesmo.
Tu, que sabes como é sentir o
enorme e degradante
vazio, que é só desabafar em papel.

Tu! Mítico, desdobrado em mil fragmentos
diferentes de ti mesmo, mas sempre tu.
Tu! Que sabias que riam de ti, os que nada mais do que
insignificância foram.
Tu, só tu que sabias como ser grande.
Guia-me! Guia-me! Guia-me pelo caminho tortuoso de quem
não se sabe ser!

Tu que tinhas o cansaço e o fastio de todo o Mundo.
Tu que nunca foste ninguém!
Tu que nunca foste nada!
Tu que te perdeste em toneladas de papéis que nada servem.
Tu que foste Mestre e servo, e rebelde e plácido, e fingidor sentimental.
Tu que sentiste, por todo o Universo, a angústia do existir!

Que fizeste tu da vida?
-Fiz-te.

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