sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Do Querer e do Ser.

(A vida é tão previsível.)

Corpos que partem
Sem destino e em vão.
Corpos que chegam
Corpos que se dão,
com ou sem razão.

Dizem-nos, com falinhas mansas.
"a esperança é a última que morre"
Mas até ela morre
E depois? Que fica?
Há mais?

Dizem-nos, com esperanças vãs.
"com esforço tudo se consegue"
E o que é o tudo? E quem nada quer?
E quem tudo tenta e nada consegue?
Então?
Não há resposta? Não há razão.

Dizem-nos, falsas falácias.
"a vida é aprendizagem"
Mas para que quero eu
o saber, se o Fado de
todos é morrer?
E depois? Que fica?
Há mais?
Não há resposta? Não há razão.

Dizem-nos, retórica desconstrução.
"o que é, é. é porque é, e assim é que é."
Eu digo não e eu digo sim.
(Porque sou Homem,
logo sou Contradição.)
Alguém me explica
a mim próprio?
Então?

Dizem-nos, última persuasão.
"faz o que tens a fazer."
Mas, o que é isso?
"nascer,viver e morrer"
Só isso?
Mas, porquê? Para quê?
E depois, só ouço
"sim, a vida é a aceitação
de ti próprio."
E então? Há resposta?
Há Razão?

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

A indiferença-Bertold Brecht

(Há um episódio nos Simpsons,em que certa proposta de lei é rejeitada por apenas um voto.
Marge pergunta ao Homer porque não foi votar e ele responde : -O meu voto não ia fazer diferença nenhuma.
Achamos sempre que nunca podemos fazer a diferença.Porquê?

Em 1933, Hitler chegou ao poder, democraticamente, porque os votos na Esquerda alemã se dispersaram.

Fazer a diferença dá trabalho,e pode ser um "luxo". Mas é um luxo de que não podemos abdicar. )

"Primeiro levaram os comunistas,
Mas eu não me importei
Porque não era nada comigo.

Em seguida levaram alguns operários,
Mas a mim não me afectou
Porque eu não sou operário.

Depois prenderam os sindicalistas,
Mas eu não me incomodei
Porque nunca fui sindicalista.

Logo a seguir chegou a vez
De alguns padres,
mas como
Nunca fui religioso,
também não liguei.

Agora levaram-me a mim
E quando percebi,
Já era tarde."

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Mãe.

Mãe,
Descansa.
Bem precisas.
Tens o peso do Mundo
-Nas costas, nos ombros,
no sorriso, em tudo o que fazes -
Já viveste de mais.
Não sabes de nada.
Ou sabes de mais,
e por isso, tudo te enfastia.
Vives sem saber para quê.
O presente é todo o passado.
Toda a alegria, já foi...
Eu sei, Mãe.
Descansa.