sexta-feira, 11 de abril de 2008

São já nove horas da noite
e minha mãe, cansada, dorme.
Desiste. Sabes não conseguir que nada se afoite
nesta minha massa amorfa, dolorosa e informe.

Contemplei-te hoje, e vi vazio.
Esperei-te. Subi e desci, desci e subi escadas
De pensamento custoso e doentio,
que me enchia ainda mais de nadas.

Desesperei, louco de pensar!
Mas chegaste, bela e gloriosa.
Apressada, temendo não me encontrar,
E beijámo-nos, de loucura desejosa.

Como me sabem bem os teus enleios
Sei-te em cada olhar que me vês.
Como te desejo, longe de olhares alheios!
E amo-te, sempre que sei que me lês.

Oh, mas como é pouco e mínimo
cada ter-te comigo.
Dói ao escrever agora, este ínfimo
hino, para ti, meu doce abrigo.

É longa, enorme cada jornada,
apartado de ti.
Saudade. Parva, velha e antiquada,
mas que é, porque não estás aqui.

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