Desci as escadas, e saboreei
o ser ou não ser que sou.
As pessoas não são nada, avisei
o meu pensar, que logo estalou.
Reconheço, em cada pessoa, sua estória
Cada um, imagino, mas sempre me falta
coragem de lhes saber a memória.
E só a imaginação pulula e salta.
Uns passeiam, outros compram, ou estão
apenas, dolentes, grandes ou pequenas.
Todos compram, vendem ou dão.
E são várias, mas já vistas, todas as cenas.
Ah, irremediável inócuo desejo
de mudar ou de ser!
Em pouco, nada ou em ninguém me revejo
(Talvez não persista a amargura de viver...)
Talvez me perca em tantos, tantos projectos!
Fotografia, escrita, política, quiçá cinema...
Casar, ser homem de bem, ter filhos e netos...
Está bem! Que não os faça. Fique o poema.
sábado, 5 de abril de 2008
Cenas.
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