segunda-feira, 14 de abril de 2008

Fingimento.

Criaste então uma personagem!
Meu velho amigo, ingénuo sabedor
Tudo o que eras esfumou-se em miragem,
e no fingir tornaste-te doutor!

Vomitas, vomitas o que já não eras
Tornaste-te actor galã minucioso
Já nada sentindo, deveras.
Eu apenas te observo, rindo deleitoso.

Denoto fingimento na emoção, na alegria
Fingimento em cada mínimo gesto!
Na comoção, e até na falsa euforia!
Contemplar-te, é acto temível e indigesto.

Ó fingimento, arma de quem não consegue ser,
como te abomino!
Insurgindo-me contra ti, quase por dever!

E tu! Quem te observa, de olhar atento...
(Oh, como me domino...)
Pergunto-me se já te olhaste por dentro?

O coração tomá-lo como surdo,
A razão deixa-la dormente.
Teu sentir é um nada absurdo
Porque do fingir és tenente!

Segues, capitalizando a ingenuidade
Juntando-a diligente, a teu favor
Sentir? Mera formalidade...
Porque já nem sabes o que é Amor!

Sentimento? Como é aborrecido.
Para ser alguém na vida, eis a tua lição.
Coração de bater frio, empedernido
E sentir? Só com a razão!

Tudo isto sabes e sobes assim na vida
Arriscando, ao desprezá-La.
Ela rasteja, mas sempre aparece, a Temida
Oh, e que gozo me dá cantá-La!

Um comentário:

Anônimo disse...

O meu sincero aplauso! Espero poder ouvir-te (tb) a recitá-lo;)
Cada vez melhor!

Bjinho*