terça-feira, 25 de março de 2008

Parar? Ficar?

Estou bêbado, sem nada.
Poesia cerrada/ Cadela da alma/ Gente sem mala.
Indigente fuga do que não se tem. Fuga para lá
do mal e do bem.
Fuga.

No cais de embarque, o velho condutor fuma o inconfundível
cigarro.
-Para onde me levas desta vez?
A conversa roça o mundano. Sexo e bola.
Mini, coração partido. Malas. Buraco na estrada.
No cais de embarque.

A casa de banho, afrancesada toilette.
Retrete imunda. Branco amarelado,
Cara lavada. Mistura etérea de esperança,
e descrença.
Na casa de banho.

-Atrasado.
Não vás sem mim,
nobre missionário dos sem terra!
Não me deixes aqui perdido, na terra razão.
(Face aburguesada, charuto em riste. Homem.
Estudante. Pesada, sem nada, a mala. Leva conhecimento.)
-Está tudo pronto?
Sim, apostólico condutor. Somos só três. Como Deus quis.
Vamos. É hora. Leva-nos.
Chave engrenada. Ruído do Motor.
Somos dos que quando paramos, morremos...

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