Ah que horror a tudo!
Horror a ser alguma coisa
Classe média, classe alta, ghetto, guna, beto, normal, anormal,
diferente, indiferente.
Luta de classes, sindicato, professor, ministro,adorador
de qualquer falso Cristo.
Horror! Horror!
A tudo sem diferença.
Ao ignorante que passeia livros, como quem passeia o cãozinho
Ao pedante que come pela roulote, ao cavaleiro a trote.
à menina que de dia fascina, e de noite alucina.
Ao cassetete e ao corpete, à K7 e ao Jet7.
Ao submisso, e ao roliço, ao patrão e ao moço que limpa o chão.
Horror de Morte!
Horror a ser alguma coisa!
Ao poeta, ao profeta, ao perneta e ao maneta, ao que faz a guerra
e ao sem terra
Ao que usa luneta e ao que não sabe usar caneta.
Horror a ter que ser alguma coisa!
Horror!
Ao conformismo, ao imobilismo, ao heroísmo e ao terrorismo.
À empregada que fia, trabalha porque vai sendo paga.
-Pobre coitada, empresa fachada-
Ao analista, ao fadista, ao corista e ao couro, ao engate e ao biscate.
Ao que doma o touro, e ao que mata no Douro.
Da falsa e da que usa meia-calça.
Da nota e da cota.
Horror a ser alguma coisa!
(Não querendo ser, já sou alguma coisa. Alguma coisa!
Lógica fatal.)
Horror!
À bibliotecária, e à alma otária.
Ao telemóvel e ao imóvel.
Ao político e ao crítico. Ao que não sabe, e ao que não faz. Ao que sabe, e ao que faz.
Ao dono do Hotel, e ao velho do bordel.
Ao empregado que traz bebidas, curam impossíveis feridas.
Do Estado desgovernado, e do crédito mal parado.
Horror de Morte!
Ao que contempla, e ao que inventa. Ao usurpador, e ao senhor doutor.
Ao notário e ao bolsário.
Ao anarquista, ao fascista, ao capitalista, ao socialista, ao comunista.
Horror a todas ideias e ideais!
(Se ao menos algum me servisse...)
Horror!
Do demente, e do incompetente. Do inútil e do fútil. Do cabrão e do que amassa o pão.
Do que vive, e do que esconde. Do que sobrevive e do visconde.
Do arrogante, e da espampanante.
Da militância e da ignorância
Da ortodoxia, e da anorexia.
Da desistência e da consciência.
Da sociedade e da verdade...
Horror!
De escrever
Serve de Nada!
Nada...
Nada...
Nada!
domingo, 23 de março de 2008
É preciso ser?
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