domingo, 13 de julho de 2008

Transiberiano.

Desafio: Eu e uma folha vazia.
Vazia como a cor do que julgo sentir.
Desabafo para não gritar.
Escrevo para não sentir.

Paredes brancas, de toda a saudade do Mundo.

(Há uma criança que pergunta para onde fomos nós.
Ela é nós, mas nós já não somos ela.
E ver só um olhar, uma memória fugaz da infância
que não houve.
Pergunto-me se não sou ainda essa criança.
Todas as crianças são más e egoístas...
E nós somos o que não crescemos.)

Chega. Porquê viver se toda a vida é fingir?

Sou todos os clichés que há no Mundo.
Meu Deus, que bocejo enorme que sou...
Que chatice cósmica ser-me.
Que repetição divinamente ensaiada.
Que dejá vu prolixo!

(Verão: a força que falta para não
repetir os gestos esvaídos de alguma alegria.
Verão: não ir para onde todos querem ir.
Verão: negação de ser os outros.
Verão: negação de ser eu.)

Ah, Transiberiano da alma, apanha-me nas ruas
onde não há sentido, e assassina-me de tédio!

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