domingo, 27 de julho de 2008

Belle.

Enquanto a tarde madrilena, quente e seca,
se assomava de nós, eu, sem dar por isso,
assomei-me, distraído, de ti.
Tornaste-te o rio por onde fluíam,
límpidos, os meus desejos.
Desassossegado de mim, quis perder-me na tua pele carne-rosa,
e afagar eternamente os teus caracóis aveludados.

Mas tu... tão coquette!, tão divinamente francesa!,
olhaste-me, desprezível, estéril e fria.
Não me mostraste os teus olhos,
nem entrevi sequer o teu sorriso.
Não nos separavam as mesas que fisicamente nos
separavam, mas sim o gelo do vidro
que magistralmente manténs à tua volta.

Partiste sem encenar um adeus,
como naquele filme que não vi no cinema.
E eu- tantas vezes reles e desajeitado -
não tive senão coragem para nos sonhar...

Nenhum comentário: