sábado, 2 de agosto de 2008

Bocejo.

-Estes são os dias vazios em que nada acontece,
podia ser o nome do romance que vou ter a glória de não escrever.

Sinto-me cada vez mais sozinho.
Não sei onde estão os meus amigos...

E eu, tão propenso a melancolias,
tão fraco de espírito, tão prolixo na minha descrença,
queria somente uma mapa do porvir.


Apetece-me chorar. Sou um farrapo humano.
Tenho saudades dos amores que não tive e dos troféus que só sonhei...

Ah! Escrever infinitamente até
resolver o Mundo ou me resolver a mim!

Está tudo em que não pensa.
Em quem não pensa.
Em quem não pensa.
Em quem não pensa.

Vingo-me dos reles, dos preguiçosos,
dos vis, dos cobardes, das corjas pútridas,
do Mundo... Vingo-me de já não saber o que sou!
Neste absurdamente inútil gesto de escrever...


Às vezes, perco-me imaginando porque vivem os outros,
os desgraçados, os da sem-fortuna
e penso sentir uma mágoa infinita,
que nunca saberei descrever, por não encontrar resposta.
Mas alegro-me por eles, por serem eles e não eu.

Mas esperem...
Onde é que eu
já ia sem travões
na auto-estrada do que não há?...

(Ah, o longo bocejo de fingir ter escrito
tudo isto!...)

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