quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Mérito.

Depois de ver
"A vida normalmente"

I
A injustiça começa à nascença, diz-se.
E o poeta pensa, o poema, e, com ele, o seu criador cresce.
Crescem, lado a lado, num turbilhão
de ideias, procurando, lentamente,
definição. Alma. Palavra. Concreto.

II
Crianças, quase adultos, nunca adultos,
como o poema. Ser criança é querer mudar o Mundo,
e acreditar. Quando tudo são escombros,
acreditar. Mas a linha da vida, como o poema,
é frágil. E foge, desvanece-se, imersa num sonho cruel,
na linha da frente da batalha, aparentemente perdida.

III

O meio faz-nos ou somos nós que fazemos o meio?
O poeta debate-se, esta é toda a sua vida.
Um homem pára, olha à sua volta, julga compreender,
procura compreender e interroga-se.
Todo o Mundo é nada, naquele segundo.
E, no vazio, tudo se cria.

IV
Não encontra definição. Escreve, como uma pergunta
infinita. A linha definha, foge, desvia-se do caminho.
Tudo volta a ser nada. E, rastejando, acredita. Está
tudo em nós. E a crença é o fim e o eterno
ínicio, para o homem que se constrói.

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