segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

História do Mar e da Ria.

Todos os dias, João se levantava, sem erro e exactamente, às cinco e um quarto da manhã. A cada dia, levantava-se e repetia, ao mínimo detalhe, o mesmo gesto. Olhava suas mãos, cansadas, preenchidas de pequenas marcas que indicavam o seu longo acumular de experiência. Olhava-as, cansado, tomava um banho frio, e vestia os seus calções, uma simples camisola de algodão, e por cima desta, um casaco de ganga, para evitar a nortada. Beijava sua mulher, que àquela hora, sempre dormia. Ao sentir seu ínfimo toque, estremecia ligeiramente e isso bastava para que João esboçasse um custoso sorriso. Fechava a porta da sua minúscula casa, sem olhar para trás, e descia as longas escadas. Levava consigo, no seu cesto de vime, a comida que melhor lhe iria permitir suportar o longo dia, e na sua canastra, as esperanças de um bom dia, na marinha. Consigo também, a sua motocicleta, companheira de longas horas, que o conduzia, desde a aldeia, longe da ria, longe do mar, longe de tudo, até à marinha, onde seus companheiros já o esperavam. Todos os dias, a partir das sete da manhã, os seus camaradas, três, e com ele próprio quatro, enfrentavam a marinha.
Naquele dia, seu último dia, João estava atrasado. Os seus camaradas esperavam-no para abrir o barraco, enquanto se perguntavam se o dia iria ser longo. “Conforme o trabalho que houver para fazer”, respondeu o mais velho dos marnotos. No dia anterior, a viva tinha inundado toda a marina, da água marulha, e com a pá cova, os quatro tinham retirado toda a lama e moliço, daquela suja água. João havia chegado entretanto, aberto o barroco, e estavam os quatro, então, prontos para começar verdadeiramente o trabalho. Apanhavam o sal, que boiava no cimo da água, de mãos desnudas, secas dos longos anos de ofício e iam colocando-o, dentro das canastras. Passavam-se sempre assim duas ou mais horas e era agora a vez de, com a razoila, rer o sal até à hora de almoço. Os estômagos, por aquela altura, naquele e em todos os outros dias, já esmolavam alimento. Mas João e seus companheiros resistiam, nobremente, e por mais que a razoila lhes pesasse nas mãos e nos braços exangues, o trabalho precisava de ser feito, e nenhum queixume o ia mudar. Assim continuaram, enquanto João os tentava animar, “Vamos lá, daqui a pouco já comemos o bom do bacalhau. Até vai saber melhor, aqui e com o estômago vazio.” Passado algum tempo, João chamou-os para perto do barraco, e estes sentaram-se, à volta da mesa de madeira, que ficava guardada, religiosamente, dentro do barraco. João anunciou o que todos já sabiam. “Camaradas, como sabem, hoje despeço-me de vocês. Foi um prazer. De vocês, levo bons momentos e daqui, desta marina, das longas horas, do vento que esfria os ossos, da água que nos seca a pele e o corpo, as mãos mais cansadas.” Riram-se tristes, enquanto ensopavam a broa na sopa, e brindaram, por cima de toda a fadiga e da rotineira conversa, com vinho tinto. O almoço estendeu-se um pouco mais do que o habitual, mas até isso João, para todos os efeitos “chefe”, da marina, perdoou. Era altura, agora, de bulir a água, e o sol, apesar do vento frio, estava lá bem no alto, amorenando a tez dos quatro. Enquanto os quatro conversavam, o tempo foi-se esvaindo. As cinco horas da tarde, o entardecer, o fim do dia afinal, rapidamente se aproximaram. Era hora de João sair. Sabia que saía com a canastra cheia, e com o coração, quiçá, algo mais vazio. Levantou-se, limpou as mãos, e abraçou os moços, dirigindo-lhes algumas palavras, de conforto e força. “Amigos, despeço-me. A todos, uns bons belos anos, aqui ou noutro sítio qualquer.” Pegou na motocicleta, equilibrou a canastra na parte traseira e partiu. O som do motor inundou os céus, e os colegas regressaram à labuta, dir-se-ia indiferentes.

Chuva lá fora.
Chuva cá dentro.
Onde estou eu
que nem em mim entro?

My MEU ( Model European Union) experience.

I confess. Being Portuguese and thus suffering of a severe case of chronic pessimism I wasn’t really expecting to be selected to MEU. When the news arrived I calmed myself down and embraced the challenge of being a Minister of one of the most powerful countries in the World – the United Kingdom.On the day of my flight I guess I felt a bit like Vasco da Gama and although I wasn’t “giving new worlds to the World” I had one other quintessential thing to discover - Europe, the future of us all. I arrived bubbling with excitement and anxious to know the city, the participants and their ideas.After two days of informal presentations and debates, we were at last in the Parliament. Everything everyone had been anxious for. We, the members of the Council, were conducted to a small room where we were to listen to the presentation of the first proposal, regarding the CO2 emissions in the Union and to state our position, which I and I think no one else had really prepared. And the same happened with the discussions and especially the voting on the amendments. Personally, I flip-flopped a lot, and had no real idea of what position I should adopt. At the end of the day, we passed only one amendment, and not even an important one, on the original proposal. I guess we really gave a bad name to International Politics, due to our inexperience and lack of judgment.But, no harm done, we proceed to the next proposal, already knowing that the CO2 proposal would be looked down by the Parliament, and finally proved that the Council could work as one and be effective. It was time to discuss the European elections and what could be done to fight the continuous low voter’s turnout. I and all my colleagues felt ready and acknowledging the reasons of our failure on the first proposal, put our hands and brains to work in order to find reasonable, effective and most of all attainable amendments. We rejected most of the Parliaments amendments for that same reason, and took advantage of our place in the Council. More time to speak for ourselves and also to listen, and as each represented only one country a less disparity of interests meant more ability to achieve our goals. We stroked a handful of amendments, having reached unanimity in almost all of them. With our part played, we just had to wait for the members of the Parliament to cast their vote.

Finally, the news arrived. We had achieved what no one had been able to achieve before. The European Election proposal was accepted by both the Council and the Parliament. That day, we left the Parliament with the feeling you get when you do something really well done and everything goes according to plan. I think some call it pride.


Curiosos? Aqui fica um vídeo-resumo( a organizadora pequenina à esquerda é Portuguesa, chama-se Inês Nascimento, estudou
Línguas e Relações Internacionais na FLUP e merece o meu agradecimento. Kudos! para ela) :