Não sabem eles o quanto me irrita ser-me.
Diz-lhes que não os queres para ti.
Esquece-te da hipocrisia.
Ensina-os a despir a máscara.
Não te juntes a eles.
-Cansas-me.
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
domingo, 12 de outubro de 2008
O bem é cinzento.
Mostrar-lhes como estão errados?
Como são fúteis, inferioridades que não atingem a verdade suprema. A tua.
Sabes, eu olho por ti. E tenho-te pena.
Não sabes tu que ninguém está bem nem mal?
Que vamos estando.
Que vamos julgando saber o que fazemos,
escondendo o facto de estarmos mais e mais perdidos,
mais e mais imersos na escuridão e no vazio.
Não, não nos julgues. Como podes tu julgar-nos?
A sessão ainda mal começou
e o tribunal só decide no final.
Não finjas estar bem, saber o que fazes,
ser, sei lá, feliz... Não!
O mal somos nós que o fazemos. E o bem
é cinzento, e cada vez mais escuro.
sábado, 11 de outubro de 2008
Travessa da Pena.
-Anoitece no Porto e em mim.
As gaivotas ecoam pelos ares, acompanhando
o murmúrio longínquo do rio.
Reles, contemplo os cadáveres sumiços.
Porque é que falamos do que não
temos força para fazer?
Porque é que não dizemos o que
só pode ser escrito?
Quero fazer. E calar as gaivotas até ao infinito.
Saber é tanto uma prisão, como
um contentamento, mas leve, sempre leve
que nos prende, impiedoso como a chuva
de Novembro.
Elas voam, voam para longe de mim.
Cansado de nascença, triste de tudo,
infinitamente complexo, estapafúrdio.
Quero cantar as minhas letras,
congelar o tempo, o Mundo, a relatividade.
-Se ao menos me perdesse sem jamais me encontrar
nos teus olhos. Mas tu sabes, tão bem quanto eu,
não existir.
(Não existes, desistes.)
Escrever, vão egoísmo.
Palavras, como as gaivotas, larguem-me,
não se calem, nem me regressem.
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Languidez.
Não há nada que me faça pegar a caneta
Não há nada que me faça sonhar
Todo o poema é mau feto em tubo proveta
e eu, poeta do Mundo a acabar.
Quadra a João de Deus.
De Deus te fizeram
De Deus nasceste
De Ele mesmo te deram
a luz que nos acendeste.
domingo, 5 de outubro de 2008
Fingidor.
Será que não te vou levar
comigo, na viagem de que não podemos fugir?
Diz-me que não, diz-me que talvez,
diz-me tudo. E esquece-te de ti.
Não, não podemos estar um sem o outro.
Tu sabe-lo, diz-me que o sabes.
O que se passou? Não me deste a mão
durante tanto tempo...
Será que tudo se repete, e o meu filme
é ser vazio, estranho, a gota de chuva
no dia mais límpido de Verão?
Não me dás a tua mão há tanto tempo.
Lembras-te...? Talvez não. Talvez vivas só dia-a-dia,
e esqueças que o teu destino sou eu.