quarta-feira, 16 de julho de 2008

Ode à quietude.

(Ao jeito de Ricardo Reis)
Digo-te, amor, que nada espero
senão recolher-me na placidez
dos raios de Febo, e fitar, lento,
o curso do rio, sorrindo sem me ser

A vida é curta e passa rápido.
Porquê cultivar paixões, se não espero
colher raiva e impaciência?
Abraça-te a mim, e esqueçamos
o que não seremos. Tomemos gozo
infinito em apreciar o curso indefinido
das coisas, guardando dele nada mais
que a sua vaga memória.

Pintemos, amor, o quadro da
nossa existência, rendidos à beleza
sem fim de somente estarmos.

A vida é curta e passa rápido.
Saibamos gozá-la, na pura e singela
inconsciência do momento
e quando chegar, enfim, a hora
saibamos comprar o bilhete
certo para a barca negra.

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