quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Ode ao dia feliz.

Hoje vou escrever - porque não? - de estar feliz.
Os meus textos nos demais dias são tristes,
depressivos e, pior que tudo, enfadonhos.

Hoje sinto-me com vontade de amar todo o mundo
e de sorrir dos meus gostos estranhos.
Hoje vou agraciar o meu gato chato,
o meu chato gato que mia como se
amanhã não houvesse um novo ano.

Hoje vou esquecer a crise,
as notícias deprimentes,
e vou correr por toda a chuva
a gritar-lhe, a ofendê-la,
e ao mesmo tempo, a indulta-la
por não mais me entristecer.

Hoje não me vou importar
com o tempo dado por inútil
e vou recolher todo o passado
num copo que beberei dum só trago.

Hoje vou agradecer por estar vivo
e por ser o que em mim vivi.
Hoje vou passear como quem nasce.
Hoje vou sentir, ver, respirar.

Hoje vou amar o outro,
como se fosse eu mesmo.

Hoje, nem que seja só hoje,
vou dizer que te amo
quando me olhar ao espelho.

Passagem de Emile Henri.

Era no tempo da palavra papel
da pluma bem comida lançando ideias de justiça aos chineses
da espingarda de ar podre ao ombro de cada um

Depois de ver com os seus próprios olhos como é que o ratazana
toma o seu cházinho
Emile Henri
escritor da literatura da dinamite
lança a segunda bomba à porta do Café Términus
dado que: da má distribuição da riqueza e das coisas boas da Terra
TODOS SEM EXCEPÇÃO TÊM MÁXIMA CULPA


Mário Cesariny.

[É importante foder ( ou não foder)?]

É importante foder( ou não foder)?
É evidente que não, não é importante.
Fode quem fode e não fode quem não quer.
Com isso ninguém tem nada
Mas mesmo nada
A ver.

O que um tanto me tolhe é não poder confiar
Numa coisa que estica e depois encolhe,
Uma coisa que é mole e se põe a endurar e
A dilatar a dilatar
Até não se poder nem deixar andar
Para depois se sumir
E dar vontade de rir e d´ir urinar.

Isso eu quis dizer naquele verso louco que tenho ao pé:
«O amor é um sono que chega para o pouco ser que se é»
Verso que, como sempre, terá ficado por perceber( por mim até).
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Também aquela do «outrora-agora» e do «ah poder ser tu sendo
eu» foi um bom trabalho
Para continuar tudo co´a cara de caralho
Que todos já tinham e vão continuar a ter
Antes durante e depois de morrer.

Mário Cesariny. ( Toma lá um Cesariny)

Migração.

Ah
não me venham dizer
oh
não quero saber
ah
quem me dera esquecer

Só e incerto é que o poema é aberto
e a Palavra flui inesgotável!


Mário Cesariny. ( a prenda de Natal)

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Paradoxo.

Viver para provar a inutilidade de qualquer acção humana.

Parvoíce.

Tenho tantas ideias...
Ó cérebro maldito
Porque me odeias
Se só te peço o infinito?